terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Ainda sinto a tua presença


 
 
“Sozinho”…
No meio do nada.
O vale está salpicado,
Pelas luzes das aldeias.
 
É noite de lua cheia,
O vento frio do norte
Congela-me as mãos,
Mas o que isso importa?
 
O sofrimento late
Fortemente no meu coração
E desfaz a minha alma
Em mil pedaços,
Que voam com o vento…
Mas o que isso importa?
 
Partiste…
Sim… Abandonaste-me,
 
Ainda escuto,
A tua voz a chamar pelo meu nome,
Ainda sinto o teu perfume…
Sim… Ainda sinto a tua presença…
Podem-me chamar louco
Ou o que quiserem.
Mas o que isso importa?
 
Nas minhas mãos
Um jarro…
Um último beijo de despedida
E sinto um toque no ombro,
Mas não há ninguém…
 
Querias que o fizesse com um sorriso.
Então lembro-me do teu sorriso.
E sorrio…
Sorrio com as lágrimas a rolar
Pelo meu desgastado rosto.
Abro o jarro
E despejo as tuas cinzas ao vazio…
 
Voa…
Voa livremente
Ao sabor do vento
Com o teu jeito de mulher rebelde
E…
Não esperes por mim
Pois te alcançarei
Brevemente…
 
 
 
José Coimbra
 

terça-feira, 12 de outubro de 2021

Selo foi quebrado

 
 
A sinfonia da morte
É trazida pelo vento norte
Onde o selo foi quebrado
E o contracto assinado.
Não há futuro,
O céu está escuro
E o ar é tóxico…
O fim está próximo.
Há sangue sobre a terra,
É tempo de guerra…
 
 
 
José Coimbra

 

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

A janela e a solidão

 

 
 
Entre os problemas da vida,
Bebe-se mais um copo de vinho
Para tentar sarar essa ferida
De estar a enfrenta-los sozinho.
 
Na solidão sufocante do momento
Desvio o olhar para a janela
Engolido pelo pensamento,
Mas nada se vê através dela.
 
A escuridão tomou conta de mim
E no cigarro mal apagado
Vejo que a dor não terá fim
Neste meu coração condenado…
 
 
 

José Coimbra


sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Já nada faz sentido

 
 
Já nada faz sentido
No meio de tanto sofrimento,
É como andar perdido
Entre as linhas do esquecimento.
 
Os dias são negros e chuvosos,
Sem nunca ser capaz
De me levantar dos destroços
Para ter um pouco de paz.
 
Entre a dor e a escuridão,
Entre as lágrimas e o inferno,
Caminho em solidão
Até ao descanso eterno…
 
 
 
José Coimbra

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Erro

 
 
Ando a passo lento
Entre a estranha multidão,
É tanto o movimento
Que me faz perder a razão.
 
A solidão me consome
No meio de tanta gente,
São rostos sisudos sem nome
E nenhum deles sorridente.
 
Um estranho nesta sociedade
Sem nenhuma presença.
Serei o erro da realidade
Ou um ser sem esperança?
 
 
 
José Coimbra

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Às avessas

 
 
O princípio é parte do fim
Quando se perde o caminho,
O que era bom se torna ruim
Quando se anda sozinho.
 
Um dia rei, noutro vagabundo
A navegar por este mar
Que é o meu estranho mundo
Sem nada para conquistar…
 
Tudo se ganha, tudo se vai
No trampolim das promessas
Onde a esperança cai
Nos sonhos às avessas.
 
É encontrar-me e me perder
Na corda bamba sobre o precipício
E teimar em esquecer
Que o fim é parte do princípio…
 
 
 
José Coimbra

sábado, 13 de fevereiro de 2021

A noite e o poeta

 
 
É na noite silenciosa
Que a insaciável
Mão ansiosa,
Escreve no papel.
 
Através da janela
A lua dá inspiração
A uma história bela
Vinda do coração.
 
E o deslumbre do cometa
Anuncia o poema,
A obra do poeta
Na noite serena…
 
 
 
José Coimbra